Confira a entrevista com Cristiano Quevedo

Data de publicação

16/09/2013

Data de atualização

18/09/13 12:00:00

Cristiano Quevedo vem a Vacaria nesta terça (17) para receber o troféu Candeeiro Farrapo 2013. O prêmio é concedido pela Câmara de Vereadores de Vacaria a pessoas que se destacam pela divulgação, propagação ou culto a tradição farroupilha. Giana Pontalti, assessora de comunicação da Câmara, conversou com o cantor no dia 11 de setembro.


Acompanhe a entrevista:


O Candeeiro Farrapo é um troféu concedido aqueles que se destacam na divulgação da cultura tradicionalista. Sabemos que você é gaúcho de coração, como declara em sua música. Você vem de uma família tradicionalista?


Sou de Piratini e lá respiramos a cultura gaúcha. Meu pai era pecuarista, trabalhou na inspetoria veterinária da cidade. Era também inseminador e tinha uma pequena propriedade rural. Eu o acompanhava no trabalho. E através da minha mãe, que era professora, tive contato com as invernadas, com o CTG. Em Piratini a cultura gaúcha é muito viva. Vivenciamos ela de forma espontânea.


A primeira estrofe da música “Gaúcho de Coração” diz: O mundo que levo por diante não mostra sorriso na cara que tem”. Que mundo é esse Cristiano?


Moro em Porto Alegre há muitos anos. Deixei a família no interior, o campo ficou para trás. É dele que falo. O homem do campo acorda às 5h e trabalha até às 10 da noite, muitas vezes. Não tem final de semana. Tem que buscar a lenha para esquentar a água. Não é uma vida romântica como se pensa. É preciso muito trabalho para sustentar a casa.


Entre as músicas que você compôs, com qual você se identifica mais?


Contraponto me mostrou para o Estado. Lá fora é a música mais gravada. Contraponto mostra a importância de olhar adiante, olhar para frente, mas respeitar o que foi feito. Fala também da pluralidade do gaúcho. Um homem que lida com o campo, monta a cavalo, usa a força bruta. Fala “grosso”, às vezes parece rude, mas é sensível. Também é um homem que gosta de chegar em casa, cuidar da prenda e andar bonito.



Que estilo musical você aprecia além da música tradicionalista?


Sempre que viajo estou sintonizado nas rádios. Ouço de tudo. Gosto de música instrumental. Ouço de Chico Buarque a Marenco.


Você fez de sua paixão a sua profissão. Você acha que há espaço para os jovens ingressarem no mundo artístico e sobreviverem da música gaúcha?


Isso é o que mais me preocupa hoje. Acho que tem pouco espaço, pouca oportunidade. Não sei do meu futuro, do que vai acontecer com os jovens que estão chegando e com os músicos mais avançados que já não têm tanta energia para estar todo dia na estrada. A grande mídia sufocou a música gaúcha. Em todo o Rio Grande, há apenas quatro rádios exclusivas de música gaúcha. A música é meu ganha pão e onde expresso minha arte. Fico feliz de ser um jovem de 38 anos e ser reconhecido, de receber este troféu da Câmara de Vacaria. Hoje faço 8, 10 shows em um mês, mas o futuro é incerto.



Como é a sua relação com Vacaria?

Tenho muitos amigos em Vacaria. Cada vez que vou à cidade, fortaleço as amizades. Eu sonhava em cantar no Rodeio. Vacaria é mesmo a porteira do Rio Grande. Quando se chega na cidade, vindo de Santa Catarina, já percebemos a geografia diferente, o jeito do povo falar e vestir. Com esse troféu, Vacaria fica ainda mais marcada no meu coração.


O prêmio é concedido pela Câmara de Vereadores. O que os políticos podem fazer para que a cultura tradicionalista não enfraqueça?


A Câmara e outros órgãos com força política têm que abrir os olhos e resgatar os valores tradicionalistas na sociedade. Não o gauchismo, a tradição. Não tem como a gente seguir adiante sem saber de onde veio. Precisamos conhecer nossas raízes. As instituições precisam apoiar os movimentos e seus artistas. Não só lembrar deles e promover eventos na Semana Farroupilha e no aniversário do município. Eu sou um tradicionalista. Sou um defensor e um batalhador pelos costumes do meu povo. É preciso criar espaços para expressar e vivenciar a cultura do nosso povo.



Por que a música gaúcha não ganhou a mesma projeção de outras músicas regionais como a baiana e a carioca?


São inúmeros motivos. A música gaúcha não ganhou projeção nem em nosso Estado. Tem presença mínima e um pouco mais forte no interior. Falta apoio, patrocínio, incentivo aos artistas, mas falta também o resgate de nossas raízes. O Estado já contou com 40 festivais. Hoje não sei se são 20.



Você é um artista que compõe em uma linguagem simples, que até as pessoas que não tiveram contato com a vida campeira entendem. É a modernização da música gaúcha?


A modernização sendo feita naturalmente é saudável. Não sou grande poeta, grande musicista. Acredito que, tecnicamente, o que me falta, completo com o coração.


Como compositor, tem uma relação próxima com as palavras. Que palavra do “gaúchês” você mais gosta?


Saudade. A palavra não exclusiva do gaúchês.



O que: Entrega do Troféu Candeeiro Farrapo

Quando: Terça, 17 de setembro, às 20h

Onde: CTG Porteira do Rio Grande

Homenageado: Cristiano Quevedo

Evento gratuito. Aberto ao público.



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