ESTUDANTES DA EJA LOTARAM PLENÁRIO DA CÂMARA DURANTE AUDIÊNCIA PÚBLICA
Data de publicação
20/11/2017
Data de atualização
20/11/17 10:14:00
Comissão permanente de educação dá voz aos estudantes que lutam contra o fechamento de unidades que oferecem a modalidade
por Giana Pontalti
O plenário da Câmara Municipal lotou na última sexta-feira (17) à noite para o debate sobre a educação de jovens adultos de Vacaria.
Alunos, professores, representantes de entidades (UAMVA, Conselho Tutelar, Sine) vieram ao legislativo dialogar sobre a possível redução do número de unidades escolares que oferecem a modalidade em Vacaria.
Estudantes e ex-estudantes da EJA utilizaram o espaço para apresentar a sua trajetória de reingresso na educação formal. O tratorista Uilian Siqueira de Moura, 35 anos, explicou que quando jovem morava no meio rural, em Alegrete, e próximo a sua casa só havia escola de ensino fundamental. Retornou aos estudos quando veio morar em Vacaria, há 3 anos. Uilian completará o segundo grau neste ano.
A cabeleireira Nádia Mota não teve acesso à educação quando criança, pois a família enfrentava dificuldades financeiras e ela precisava trabalhar. Nádia voltou a estudar neste ano. “Estudar não era prioridade para a gente, pois éramos muito pobres. Senti vontade de cursar uma faculdade e voltei a estudar agora. Acredito que o fechamento de unidades que disponibilizam o EJA prejudicará muitos estudantes, pois muitos trabalham em locais distantes, precisam chegar em casa, tomar banho e ir à escola. Se ficar longe, dificilmente vão continuar” explica.
Ao todo, 18 pessoas se pronunciaram durante a audiência, todos em defesa da continuidade da EJA nas cinco escolas que hoje oferecem a modalidade.
O diretor de ensino do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, professor Adair Adams, também prestigiou o evento a convite da vereadora Selmari Etelvina Souza da Silva(PT). O professor fez uma breve exposição sobre a importância da educação. Adair, reforçou que a escola, como ambiente fundamental para a formação humana, deve sempre ser aberta a todos. “ A escola que nós temos reflete a sociedade que temos. A escola deveria ser aberta para todos, não importanto a etnia, crença, idade, nós não temos idade para não estarmos na escola” salientou.
Adair elogiou a mobilização e disse que é dever de todos lutar para para que a educação básica seja qualificada. “Não devemos nos contentar com o mínimo, quando a gente fala em educação básica. O básico nunca é o mínimo. A educação básica é aquela que possibilita viver melhor” explicou.
A audiência pública foi promovida pela comissão permanente de educação e foi conduzida pela vereadora Selmari da Silva. “A presença dos estudantes legitimam o debate. É importante dar voz a eles e lutar neste momento em que o Executivo estuda o fechamento de unidades” afirmou.
Os vereadores Moacir Bossardi (PSDB), Osvaldo Grigolo Junior (PSB) e Aldo da Silva (PT) também acompanharam o evento. A audiência gerará um documento com todas as exposições e reivindicações apresentadas que será encaminhado ao Executivo.
Representantes da Administração Pública convidados. Nenhum se fez presente ou representado.