O plenário da Câmara Municipal foi tomado por peões e prendas nesta terça-feira (28). Os tradicionalistas participaram da homenagem que a Câmara realizou ao CTG Porteira do Rio Grande pelos seus 60 anos.
O Porteira do Rio Grande foi o primeiro Centro de tradições gaúchas de Vacaria. Foi fundado em 1955 por Getúlio Marcantônio. O Porteira é, além do mais antigo, o CTG mais conhecido da cidade, pois é responsável pela realização do Rodeio Crioulo Internacional.
O patrão Neuri Fortuna e a 1ª Prenda adulta, Milena Souza receberam a homenagem em nome do CTG. Também participaram da solenidade, membros da patronagem, associados e amigos do Porteira.
A homenagem foi proposta pelo vereador Osni Domingues(PP). “É dever do legislativo reconhecer e incentivar o trabalho de quem trabalha na manutenção de nossa tradição” reforçou.
Abaixo, segue breve histórico (apresentação ) feita na solenidade ontem:
Breve histórico – leitura
A homenagem desta noite é para o Centro de Tradições Gaúchas Porteira do Rio Grande. CTG que leva a porteira, símbolo tão genuíno de nossos sítios e fazendas, no nome.
O Porteira do Rio Grande certamente é entre todos os CTGs de nossa cidade, o mais lembrado, o mais conhecido, ousamos dizer o mais querido. Isto porque foi o pioneiro e é o criador da maior festa de Vacaria: o Rodeio Crioulo Internacional.
O CTG Porteira do Rio Grande foi criado em julho de 1955. O grande idealizador do CTG e também de nosso rodeio foi Getúlio Marcantônio. O jovem vacariense quando cursava faculdade em Porto Alegre encontrou Barbosa Lessa que o convidou para participar do 1º Congresso Tradicionalista que aconteceu no coração do estado, em Santa Maria.
Getúlio Marcantônio voltou do Congresso decidido a fundar aqui um CTG. Para isso, buscou apoio de sete amigos. Eles lançaram então, na antiga Rádio Difusora, um programa de rádio chamado Voz da Querência com o intuito de destacar a música e a cultura gaúcha, mas principalmente lançar a semente para angariar simpatizantes para o futuro CTG.
Através do programa, fizeram o convite à comunidade para participar de assembleia para fundar o primeiro centro de tradições gaúchas em nossa cidade. No dia e hora marcada para a assembleia Getúlio se surpreendeu ao ver na sala somente seus amigos, ninguém mais.
Como bom gaúcho, pensou: “Nós perdemos a batalha, mas não a guerra, o ideal.” Insistiu e lançou um desafio aos amigos: cada um devia convidar mais três pessoas para o grupo. Desse grupo, nasceu o Porteira do Rio Grande. Desde o início, nasceu com o espírito de cooperação. O nome do CTG foi decidido democraticamente, através de votação popular. O símbolo do Porteira, sua marca, foi desenhada pelo talentoso artista plástico Carlos Rigotti e o lema definido por Getúlio Marcantonio(?): Palanque do passado, esteio do futuro.
Falando em passado e futuro, o nosso querido Porteira acaba de completar 60 anos. Os primeiros 60. Está entre os CTGs mais antigos do Estado. O primeiro foi criado em Porto Alegre e está com 67 anos, o CTG de 35, coincidentemente formado pelo folclorista Paixão Cortes e mais sete amigos.
Os CTGs foram criados com o propósito de estudar e aprofundar o folclore, a tradição e o tradicionalismo farroupilha, e difundi-lo. Por isso os CTGS possuem em sua estrutura os departamentos campeiro, artístico e cultural.
Hoje, no CTG Porteira do Rio Grande são realizadas várias atividades. Na campeira, acontecem as competições e rodeios, tiros de laço. Na artística, as invernadas mirim, jovem, adulta e veterana bailam apresentando músicas de nosso folclores, costumes e suas belas vestimentas. Há também a chuleada e a declamação. O departamento cultural promove os bailes e realiza eventos como a ciranda e o entrevero cultural, que elegem a prenda e os peões de faixa, detentores do conhecimento, da história e memória farroupilha.
E se formos falar em memória e história do Porteira, teríamos que listar centenas de nomes de pessoas que ajudaram a construir esses 60 anos.
Para não cometermos injustiças ou esquecimentos destacamos o primeiro patrão, senhor Dorival Guazzelli e o atual, Neuri Fortuna. A primeira prenda Alba Mariano da Rocha e a atual Milena Souza. São inúmeros homens e mulheres que apaixonados pela mesma causa se envolveram e se comprometem com o Porteira.
Por fim, destacamos a importante missão de um CTG que além de oportunizar a vivência e experiência do folclore, da tradição, reafirma, destaca, lembra os valores que enaltecem o gaúcho: o gaúcho para ser um gaúcho de verdade deve honrar a palavra. Deve ter caráter forte e ser destemido. Deve ser, também, um defensor de sua terra. Como muito bem disse a primeira prenda Milena Souza, os valores gaúchos são mais fortes que a identidade de um povo, de um Estado. Podem ser praticados por qualquer pessoa, em qualquer lugar.